Ele dizia que as chagas haviam se fechado
E que as injúrias haviam sido superadas
Dizia que somente as mãos dela tocavam as suas
E que seus cabelos eram os únicos que se mantinham presos
no travesseiro dele pela manhã.
Ele dizia que a pele dela era a única coberta que aquecia
seu corpo no frio
E que seus olhos eram as únicas lâmpadas que ele acendia
nas noites em que a escuridão se fazia sombria.
E, apesar da dor, ela cria piamente em tudo.
Ele dizia que a cintura dela era a única silhueta de barro
moldada por suas mãos de oleiro
E que os seios dela eram seu único regaço
E que as unhas dela eram as únicas garras que marcavam seu corpo.
E, apesar da dor, ela cria piamente em tudo.
Ele dizia que quando não voltava depois da aurora
era porque estava desenhando seu rosto na areia da praia
E que quando a mandava fazer silêncio,
Era para que pudesse admirar mais facilmente as nuances de sua beleza.
Ele dizia que quando puxava seus cabelos, era para que
pudesse beijar seu longo colo com mais afinco.
E, apesar da dor, ela cria piamente em tudo.
Ele dizia que quando comprimia seu braço, era para que
pudesse trazê-la ao seu peito com mais rapidez
E que as marcas que permaneciam,
Eram marcas de amor.
Ele dizia que a pressão dolorosa que ela sentia nas faces de seu rosto
não eram bofetadas,
Eram o sopro de suas mãos masculinas no seu rosto feminino,
Para que ela sentisse suas indignações e a proporção de seu amor desenfreado.
E, apesar da dor, ela cria piamente em tudo.
Ele dizia que a sombra roxa nos olhos dela eram apenas rastros dos momentos insensatos
de seu amor doentio
E que sua falta de dentes era um pedido de que aquele amor permanecesse em segredo sacramentado,
Apenas entre eles dois.
Ele dizia que a amava.
E, apesar da dor, ela cria piamente em tudo.
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Baseado no trabalho disponível no blog Maphago.
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· 25/05/2011 ·
· 25/05/2011 ·