Tique-taque do poeta preguiçoso

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07:00.
Sente pesar o corpo,
Contrai-se como um todo
A fim de lutar contra a tal sonolência
Que aos trancos presta sua ausência.
Um café malfeito,
Um bolo sem confeito,
A areia nos olhos
Por não ter conseguido dormir direito.

10:30. 
Pragueja à chuva
Que se aproxima às lufadas,
Tranca as janelas e
Chacoalha as páginas molhadas
Danificadas pelos vacilos
Que dá enquanto escreve.
Reorganiza tudo enquanto oscita de leve.

Meio-dia. 
“Panela no fogo, barriga vazia”.
Vai, então, recobrando a energia,
Torcendo o nariz para a mente vazia
De tantas ideias jogadas nas folhas
Molhadas de chuva, já cheias de bolhas.

17:00
Café gelado que de manhã pelava,
Espreguiçando-se no sofá, que já lhe chamava.
A televisão em volume inaudível,
No enfado do domingo
Ver expressões sem voz parece algo incrível.

20:00. 
Sonhando com as páginas,
Repousando sem lágrimas.
O sofá tão rígido e desconfortável
Já então lhe parece afável.

23:40. 
O poeta acorda.
As noites pelo dia ele troca.
Sonhar ao dia, trasladar à noite,
Antes que o esquecimento torne-se um açoite.

01:00. 
Reúne a fantasia, a realidade e o som
Ao descobrir que poetizar é um dom.
Apercebe-se que está com sorte
Ao ver que nas folhas, a criatividade traçou riscos fortes.







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· 28/12/2011 ·