A velha morada

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Desenho espirais na poeira da mesa.
Enquanto junto as cadeiras, relembro as cenas de uma antiga surpresa.
As fotografias e roupas espalhadas pelo chão,
Trazem-me ao pé do ouvido uma velha canção.

Cândidos pássaros invadem a casa,
Fazem-me acreditar em um possível recomeço.
Solos de piano invadem a sala
E fazem-me esquecer de tudo o que ainda conheço.

Sons que surgem do passado,
Pássaros enviados do futuro,
Luzes que ascendem das janelas,
Fazem-me respirar fundo.

Há algo distante daqui,
Porém vivente dentro de mim.
Algo parecido com esperança.
Contudo, não é bem o que parecia,
Recai-me como nostalgia.

Algo ainda habita a velha morada
E ainda deixa passos pelas escadas.
Algo como o brilho nos olhos de uma criança,
Que parecem relâmpagos de alegria
Distantes de quaisquer lástimas,
Mas que na verdade, são apenas lágrimas.






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Baseado no trabalho disponível no blog Maphago.
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· 25/11/2011 ·