Doces amargos sonhos

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    Todas as minhas noites... Todas elas, são mágicas.
    Da porta dos meus aposentos à maciez do meu travesseiro, todos os meus sonhos se realizam, e então eu consigo ser indiscutivelmente feliz por algumas horas. Preciosas horas.
    Mas é digno de ser lembrado que momentos bons voam. Passam tirando tudo do lugar e, de repente, somem como uma tempestade repentina, como chuva de verão. E então tudo se acaba... outra vez.
   Minhas noites são mágicas porque eu as passo todas acordado, desperto, ocupado demais para dormir; realizando meus sonhos mais improváveis, doces, impossíveis.
    Meus doces amargos sonhos. Que são doces por darem cor às minhas noites sombrias, e amargos porque todas as manhãs voltam a ser preto e branco como uma fotografia antiga corroída pelo tempo.
   Minhas tristes e volúveis manhãs, que cobram-me todos os dias o alto preço por sonhar demais. Alto preço que me dói pagar, pois não pode ser quitado com as "preciosidades" pelas quais a humanidade se autodestrói, mas sim com algo muito mais valioso: O amor à própria alma. Amor pálido, falido, amor do qual já não me resta nada, de tantas dívidas que tenho pago às minhas manhãs.
   Oh, minhas manhãs. Elas não sentem dó deste pobre diabo que vos fala.
   Esses meus doces sonhos que me realizam todas as noites, são os mesmos que me fazem despertar com o coração amargo por descobrir todas as manhãs... que é tudo ilusão de meu espírito itinerante e devaneador.
   Por isso, meu coração está ferido, porém já repleto de cicatrizes. 
   Eis meu mal tão singular: a Doença dos Sonhos, crônica, degenerativa; que vai formando sulcos em seu coração até que sejam o suficiente para rasgá-lo ao meio, até que você não mais suporte a dura realidade de saber que seus doces sonhos são amargos e extintos.







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· 26/08/2011 ·

Colorida desordem

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    O amarelo era o elo singelo entre a cor e a coragem. Porém, avidamente a vida mente sobre a sequência das consequências.
    Do amarelo, amar e elo, surgem a cor, a coragem e o singelo. Do amarelo-coragem, procedem amar, elo e cor, que unidos agem.
    A simples desordem da ordem que desmonta as dez montanhas do pensamento, em certo momento.
   Do rubor da rubra dor, o que vem primeiro? O primo ou o herdeiro? Do tintureiro, a tintura ou o tinteiro?
   Desta desordem, seguem-se mais que dez ordens.








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· 26/08/2011 ·